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ESTADO LAICO NÃO QUER DIZER INIMIGO DE DEUS.

ESTADO LAICO NÃO QUER DIZER INIMIGO DE DEUS.

Desde antes de Nicolau Copérnico derrubar o mito de que o Universo girava em torno da terra, e, mais tarde, dos filósofos materialistas difundirem a visão de que a religião é o ópio do povo, a arrogância do homem já o levava à convicção de sua auto-suficiência diante de Deus. O orgulho, traduzido pela busca da superioridade em relação ao próximo, faz com que certas pessoas prefiram viver de acordo com suas próprias regras.

As descobertas científicas do século XIX, a concepção evolucionista de Charles Darwing contrastando com os dogmas bíblicos da origem do Universo, e a formulação do positivismo de Augusto Compte, buscando na certeza das leis físicas e das ciências exatas a  resposta aos anseios de uma sociedade deslumbrada, tudo isso levou à visão antropocêntrica da humanidade, com o conseqüente antagonismo entre cultura e religião. Não era mais possível ser um intelectual racional e um homem de fé, que aceita verdades inabaláveis sem questionamentos, ao mesmo tempo.

Nesse contexto, defluiu o laicismo, que é o repúdio à religião e seus dogmas inquestionáveis. Tudo precisava ser demonstrado racionalmente e provado.

A Igreja começava a perder seu papel de mensageira da Palavra. A fé passa a ser vista como fruto da ignorância.

É fato, no entanto, que a igreja faz muito mais do que o Estado pelo resgate de vidas perdidas para o crime e para as drogas. Com sua enorme capilaridade, chega onde o Estado não alcança, recebe os excluídos pelo sistema e salva milhares do abismo das drogas e dos tentáculos do crime organizado. É hora de abrirmos os olhos e entendermos que o Poder Publico é impotente diante de tantos problemas. São Paulo reduziu seus homicídios em quatro vezes nos últimos trinta anos por inequívoca atuação da igreja, sobretudo na violenta e sofrida periferia da Capital paulistana.

Entre sexta à noite e domingo pela manhã, milhares de jovens foram assassinados tola e brutalmente, em meio a discussões banais, motivadas pelas drogas, prostituição ou partilha do produto de crime. Vinte anos depois, pela ação cada vez mais presente da igreja, de 40 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes, passamos a 10. Jovens dragados para o abismo da dependência, foram resgatados pela fé e hoje estão nas igrejas, muitos deles pregando. Isso é uma constatação. Prostíbulos e pontos de traficância transformaram-se em locais em que se leva a Palavra de Deus. Que o Estado laico não se converta nunca num inimigo da fé crista, e que os agentes públicos não cedam às pressões para fazerem, por medo ou vaidade intelectual, uma cruzada de intolerância contra aqueles que pregam a paz por meio da palavra de Deus.

Fernando Capez é Procurador de Justiça licenciado e Deputado Estadual. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (2007-2010). Mestre em Direito pela USP e Doutor pela PUC/SP. Professor da Escola Superior do Ministério Público e de Cursos Preparatórios para Carreiras Jurídicas. Autor de obras jurídicas. Atualmente é Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. www.fernandocapez.com.br / fcapez@terra.com.br  / www.facebook.com/Fernandocapezoficial / twitter.com/fernandocapez

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